terça-feira, 9 de julho de 2024

heitor by josealex

       




A mediação dos mártires sobre a terra. No primeiro dia Deus delimitou as luzes. Haja luz. Os lugares foram atravessados pela noção de espaço. Se o vazio é aquilo que, inibindo a densidade, exibe a forma, a luz veleja as ausências. Sóis, girassóis. Os marcos estruturais dos barcos que definem os limites do meu e teu corpo. Quando no momento em que os homens se rebelaram e definiram o exílio da terra, que barcos de luz cruzaram este éden original? Talvez galés. Homens e seus objetos e seus crimes e suas aguas e cavalos talvez? Bardos e Soldados forjando o próximo minuto, inocentes como quem lava suas espadas nas águas esperando uma guerra higiênica. Imagine a estrutura desta luz. Cruzando a hipótese imperecível das mãos do Iluminado. Adão e Eva e a consciência do bem e do mal. Mas a face mais florida de Deus era uma farsa?

Se existiu um Deus consciente do mal, ele afastaria o mal para chocá-lo. Ou guardaria este mal num íntimo. Os armários onde Deus guarda sua consciência guardam Deus travestido de menino. Existe em Deus um armário que o guarda. O homem no breu, enrolado em curtumes de negro e sal sibilou as vozes. Snu, sli, spluplu, snupi, nululami, booo, fooo. E não existe verbo sem a face do Divino. Mas os sibilos são independentes. São flechas das abstrações do mais esguio e pútrido homem. Flechas direcionadas a liberdade do som. E o som rompeu-se em música Os mártires não mais mediam. Música senhores. Eis a face travestida do homem. Travestida em Deus, a face florida de um novo cristo. Onde estão seus armários?


José Alexandre, no sarau do dia 9 de julho de 2024, ao escrever sobre Heitor Noronha usando necessariamente essas palavras: barco; snupi; florido; girassol; mediação; falante; música.

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